Homem Livre é aquele que vê com os próprios olhos, ouve atentamente, abre a boca para perguntar e AGE no momento oportuno, em defesa da Verdade.
DA TEORIA À PRÁTICA
Todos conhecem a alegoria dos tres macaquinhos: o primeiro tapa a boca significando "NÃO FALO"; o segundo encobre os olhos como sinal de "NÃO VEJO"; o terceiro cobre as orelhas mostrando que "NÃO OUÇO". Por isso, esses três permanecem sentados há séculos no mesmo lugar. Fingem que nada acontece.Ouvi dizer que essa figura dos três macaquinhos foi criada pelos antigos sacerdotes dos templos deHanuman em Kolar, na Índia, ou de Swoyambhunathem Kathmandu no Nepal por volta do ano 600 a.C. Seja como for, os bichinhos estão mudos, cegos e surdos há mais de 1.500 anos, IMÓVEIS, com uma tremenda câimbra nas pernas! Há quem atribua à alegoria a representação de virtudes: não falar do mal, não ouvir o que é nocivo e não se envolver no vício. Mas, no antigo Oriente a história era outra. O discipulado impunha absoluto silêncio aos neófitos por mais de dez anos. Era só trabalho duro na plantação, na lavanderia, na cozinha do mosteiro, limpando o chão e levando a cabo todo tipo de serviço humilde. Enquanto isso, os abades e altos sacerdotes podiam dedicar-se tranquilamente à meditação, à leitura e às discussões sobre sexo dos anjos. Boa vida, enquanto a meninada ralava de bico fechado. Fingiam não ver as coisas nem escutar o que se passava por detrás das paredes. As atitudes de fuga ou comodismo não são as mais indicadas para a iniciação nos planos superiores da consciência. Calar-se quando é necessário falar é um ato de pusilanimidade. Muitos inocentes foram presos ou condenados à morte porque lhes faltou a palavra - o testemunho - de alguém que conhecia os fatos e preferiu ficar calado. É comum as pessoas fingirem que não veem um assalto acontecendo do outro lado da rua ou não ouvem um grito de socorro no prédio vizinho, pois acham mais conveniente não se envolverem. Há um péssimo ditado que diz: "bom cabrito não berra". Berra sim! A atitude alienada dos três macaquinhos só beneficia os maus governantes, os mentirosos, os bandidos e os "falsos profetas".Disso, o mundo está cheio. Na época atual, não se pode conceber um discipulado sustentado no silêncio dos neófitos, nem na cegueira ou surdez adotadas pelos mestres-de-obras, por medida de conveniência. Se a tagarelice é uma doença, a imobilidade é morte. O ponto de interrogação e a expressão "por que?" são chaves para desencadear o exercício da AÇÃO. Pergunte "por que?" - e a condescendência de certos governos cairá por terra; pergunte "por que?", como o fizeram os cientistas - e tudo que é imóvel será posto em andamento e desenvolvimento. Abra os olhos, abra a boca e pergunte "por que?" - e os mestres-de-obras deste mundo terão que exercitar o uso de todas as ferramentas existentes na oficina da Verdade, pois uma coisa é certa: ninguém procede desta ou daquela forma sem algum tipo de motivação ou interesse. As grandes transformações das quais a Maçonaria participou começaram com um corajoso ponto de interrogação: na Revolução Francesa, "por que a nobreza decide o destino dos povos"? Na Abolição, "por que os negros eram escravizados"? Depois perguntamos "por que há colonizadores e colonizados"? "Por que Monarquia ou por queRepública"? Exercitamos o ponto de interrogação questionando "por que isso ou aquilo é decidido assim ou assado"? Em Loja, "por que esta ou aquela explicação sobre o ritual"? "Por que e de onde veio esta ou aquela explcação sobre simbolismo? Não podemos esquecer que a iniciação nos mistérios e o aprendizado requerem disciplina, respeito às leis e às autoridades constituídas. Mas, nenhuma outra pessoa pode responder ou decidir pelo Homem Livre. E, não obstante todas outras definições, Homem Livre é aquele que vê com os próprios olhos, ouve atentamente, abre a boca para perguntar e AGE no momento oportuno, em defesa da Verdade. |
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