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São Paulo, Capital, Brazil

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Obra de Saramago contradiz militância política do autor

Sim, contradiz, pois Saramago era um comunista que conseguiu o Nobel sendo com orgulho comunista; - amava a vida na sua tragetória de humildade, e alertava com suas sábias palavras, aqueles que buscavam a sábia resposta.

Admiradores de José Saramago acompanham velório, na câmara da prefeitura de Lisboa

Foi grande o burburinho em torno da morte do escritor e ativista político José Saramago. As reações que suscitou, porém, da lágrima sincera ao não menos sincero "Já vai tarde", me pareceram privilegiar o ativista político, não o escritor. Este texto é uma tentativa de refletir sobre esse fato.

Ele próprio foi o primeiro a contribuir para isso. Lembro-me de certa afirmação sua, numa das entrevistas que concedeu ao Roda Viva, segundo a qual não era assim tão importante, para um escritor, falar de literatura: ele devia se concentrar em assuntos mais urgentes, como (suponho eu) o conceito de mais-valia ou o imperialismo ianque.

Não serei eu a decidir sobre a verdade ou não dessas afirmações. Mas o fato é que, para o próprio Saramago, a literatura estava subordinada à política. Nada mais natural, portanto, do que sobrepor o ativista ao escritor, a atuação política à ficção literária.
E é precisamente aqui que deparamos com o paradoxo. Pois, na sua atuação como militante comunista, Saramago queria o fim do capitalismo, mas, graças à suas ficções literárias, gozava daqueles bens que só o capitalismo pode proporcionar. A sua militância, portanto, não se entendia muito bem com a sua literatura, e nem sempre aquilo que dizia era aquilo que de fato fazia.

Todos temos lá nossas contradições, umas mais, outras menos produtivas. No caso de Saramago, elas explicam por que, afinal, a sua literatura muitas vezes nos encanta: porque ela não segue à risca as suas posturas políticas, porque ela contradiz o militante, e, no fim das contas, é mais complexa, mais rica e mais interessante que o seu autor. Como toda literatura digna desse nome.

Finalmente, agora é bobagem querer medir com exatidão se, como e o quanto a obra de Saramago 'veio pra ficar' ou 'deve permanecer': pois ela já está aí, é já um dado cultural, e por meio dela a língua portuguesa, tão tímida, ao menos sai um pouco da sombra, não é?

Benditas contradições!
Érico Nogueira
De São Paulo

terça-feira, 22 de junho de 2010

Querido José Saramago: não lho digo Adeus. Digo-lhe até breve!

Postado em: 19-06-2010 | Por: Leila Brito | Categorias: Sem categoria
O escritor português José Saramago dispensa apresentação da mesma forma que dispensa elogios a sua valiosa obra que reúne o que de mais rico e singular existe na expressão literária da Língua Portuguesa.

A morte de Saramago, ocorrida nesta data, desperta nos amantes da Literatura um sentimento de profunda tristeza manifestada na mais justa admiração e no mais profundo respeito, tanto por sua refinada inteligência criativa como por sua aguda lucidez e seu imbatível senso crítico, que o conduziu à produção de uma obra literária acima de tudo denunciadora da podridão vigente entre os homens na forma de poderes destrutivos da lucidez humana, objetivando a alienação do homem e sua consequente dominação.

Sua aguçada visão crítica e sua personalidade desafiadora provocou diversas polêmicas. Assim, suas opiniões sobre religião e sobre a luta internacional contra o terrorismo resultaram em acusações de diversos quadrantes. Crítico feroz da Igreja Católica Apostólica Romana, classificou a Bíblia como um manual de maus costumes, provocando reações de protestos do Vaticano.

A propósito, citando Laerte Braga em sua crônica “O bloco do pau de arara e do choque elétrico”: Perguntaram a José Saramago por qual motivo continuava sendo comunista diante dos “crimes” de Stalin. Saramago respondeu de forma simples: “Por convicção ou alguém deixa de ser católico por conta dos crimes da Inquisição?”.

Quanto à posição de Israel no conflito contra os palestinos, caracterizado pela crueldade de um lento genocídio, numa visita a São Paulo, a 13 de outubro de 2003, em entrevista ao jornal O Globo, Saramago afirmou que os judeus não merecem a simpatia pelo sofrimento por que passaram durante o Holocausto… Vivendo sob as trevas do Holocausto e esperando ser perdoados por tudo o que fazem em nome do que eles sofreram parece-me ser abusivo. Eles não aprenderam nada com o sofrimento dos seus pais e avós. A Anti-Defamation League (Liga Anti-Difamação – ADL), um grupo judaico de defesa dos direitos civis, caracterizou estes comentários como sendo anti-semitas.

Em defesa de Saramago, diversos autores afirmam que ele não se insurgiu contra os judeus, mas contra a política de Israel, como, por exemplo, num artigo publicado a 3 de Maio de 2002 no jornal Público, onde, comparando o atual conflito com a cena bíblica de David e Golias, o escritor diz que David, representando Israel, “se tornou num novo Golias“, e que aquele “lírico David que cantava loas a Betsabé, encarnado agora na figura gargantuesca de um criminoso de guerra chamado Ariel Sharon, lança a “poética” mensagem de que primeiro é necessário esmagar os palestinianos para depois negociar com o que deles restar“.

Lendo este discurso apaixonado em defesa dos mais fracos, o que podemos concluir, neste momento em que Saramago deixa este mundo-cão, é que a Humanidade perde hoje um de seus mais dignos e corajosos defensores.


LEILA BRITO
Belo Horizonte, 18 jun 2010
Ilustração:
Saramago clicado por fotógrafo desconhecido desta escritora.
Referência:
WIKIPÉDIA. Disponível em: . Acesso em: 18 jun. 2010.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.

Não sou um ateu total, todos os dias tento encontrar um sinal de Deus, mas infelizmente não o encontro.

José Saramago  – Prêmio Nobel de Literatura

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Assédio Moral



“Assediar significa estabelecer um cerco e não dar trégua ao outro, humilhando, inferiorizando e desqualificando-o de forma sistemática e repetitiva ao longo do tempo. São ataques verbais, gestuais, perseguições e ameaças veladas ou explícitas, que frequentemente envolve fofocas e maledicências.
-  Ao longo do tempo, desestabiliza o indivíduo, atinge sua dignidade e moral e devasta a sua vida. Em países europeus é conhecido como Mobbing; nos Estados Unidos e Inglaterra como Bulling, Harassement e em nosso país como assédio moral ou terror psicológico”, conceitua Margarida Berreto, “para a Organização Internacional do Trabalho há assédio moral quando uma pessoa rebaixa o outro ou um grupo de pessoas, através de meios vingativos, cruéis, maliciosos ou humilhantes.
-  Resumindo, poderíamos dizer que são críticas repetitivas e desqualificações constantes em que nada está certo por mais que o indivíduo se esforce para fazer e dar o melhor de si”.
-  Há, ainda, um projeto de lei estabelecendo multa para cada indivíduo que não for informado e treinado para evitar o assédio moral. “Não têm escapatória, mesmo que a multa não for aprovada quando o projeto virar lei,  quem não prevenir o assédio pagará indenização.
-  O assédio é um problema organizacional e o assediador pode evitar, basta querer e contratar alguém competente para mostrar como isso se faz”, explica Robson Zanetti.
Entretanto, contratar um gestor adequado, hábil e capaz é ainda a melhor saída para evitar o assédio moral. “Um gestor deve saber ouvir, ter humildade para aprender com aqueles que fazem a política acontecer no real; deve estimular vínculos interpessoais que beneficiem a organização e, fundamentalmente, saber respeitar os diferentes pontos de vista dos indivíduos.
-  O assédio moral possui requisitos para a sua existência, entre eles:

1) Repetição sistemática/Temporalidade: reiteração da conduta ofensiva ou humilhante, uma vez que, sendo este fenômeno de natureza psicológica, não há de ser um ato esporádico capaz de trazer lesões psíquicas à vítima;
2) Intencionalidade: intenção de ocasionar um dano psíquico ou moral ao indivíduo para marginalizá-lo em sua tarefa;
3) Direcionalidade: uma ou mais pessoas são escolhidas como vítimas;
4) Dano psíquico (há controvérsia na doutrina e jurisprudência quanto à necessidade da existência deste).
-  As consequências do assédio são inúmeras para o prejudicado,: “vão desde a destruição de sua vida profissional à desestabilização emocional, culminando com isolamento social, o afastamento por doenças como estresse pós-traumático, síndrome do pânico, ideações suicidas e até mesmo a morte por suicídio.
-  Os indivíduos dizem que hoje a pressão e humilhações que sofrem são piores do que o próprio ritmo de trabalho.
-  Se um indivíduo é isolado dos seus colegas e seu chefe passa a não lhe cumprimentar, a não lhe passar tarefas  desqualificar e ignorar tudo que ele faz, ao longo do tempo causará prejuízo psíquico e físico, originando doenças e transtornos.
-  Isto degrada deliberadamente as condições de trabalho além de violar direitos fundamentais, tais como: a saúde, a dignidade, a identidade, a personalidade e a integridade pessoal”.
http://memoriaedivergencia.blogspot.com/