Conselheiro nasceu em Quixeramobim em 1828. Ficou órfão de mãe aos seis
anos de idade.
Seu nome era Antônio Vicente Mendes Maciel, e depois da morte da mãe com
o segundo casamento do pai, Antônio passou a ser criado pela madrasta, que o
maltratava, e o mais tarde , passou a persegui-lo por sua insanidade.
Muito cedo sua inteligência o destacava das crianças e o deixava mais
próximo dos adultos, Conselheiro aprendeu a Aritmética, Francês, latim e
Geografia com o mestre Manoel Antônio que se surpreendia com as idéias do jovem
aprendiz.
Antônio vivia em meio a disputas de terras familiares, e nesse meio ,
viu o próprio avô ser assassinado, levando consigo a idéia de família
desestruturado desde muito cedo.
Em 1855 o pai de Conselheiro faleceu, fazendo com que crescesse em Antônio
o desejo de não mais viver naquele lugar, pagou as dívidas que o falecido pai
deixou , e passou a manter as três irmãs e a madrasta.
Antônio casou-se com Brasilina Laurentina e teve dois filhos, mas ao ser
traído por Brasilina, abandonou seus descendentes e desses em uma época em que
poucos se preocupavam em registrar descendência ainda mais de um
revolucionário, nunca mais se teve notícias.
Depois Antônio casou-se com uma escultora e começou a montar um comércio
e também trabalhava como professor e no fórum, defendia os que menos tinham, e
assim foi vivendo Conselheiro, homem inteligente e um guerreiro dos que fome
sentiam.
Foi nessa época que começou a povoar na mente de João a idéia que
poderia criar um oásis em meio a um deserto, e abandonou Joana e sua terra, em
busca do lugar ideal para criar este lugar, e assim partiu Conselheiro para
Itabaiana, e na seqüência para a terra baiana.
Antônio Conselheiro, pregava a vida pós morte e igualdade que Deus
buscava entre o povo,passando por cima do poder do Clero, que sempre dava mais
ouvidos aos apelos dos homens ricos que faziam fartas doações a igreja e
deixando de lado os pedidas do povo menos favorecido.
Conseguiu além de pessoas humildes, homens sérios da sociedade que
apoiavam sua luta.
Começou Antônio então a pregar nas praças, como um beato insano era
visto e começou a incomodar até mesmo as missas que corriam no mesmo horário em
que Antônio pregava nas praças.Até este momento Antônio era
conhecido como Antônio do povo, e ainda não tinha adquirido o apelido de
conselheiro.
Então começou a incomodar o poder, Antônio pregava para grandes massas,
e suas idéias acabavam sendo difundidas, e repercutindo uma revolta interna do
povo contra a tirania dos coronéis,e esses, começaram a criar a
história que Antônio não era um homem de bem e sim um foragido da justiça que
havia assassinado a própria mãe.
Começou então a correr a história que além de louco, Antônio era
agressivo e matricida, e a história que corria era que a mãe de Antônio não se
dava com a Nora, e disse a Antônio que toda vez que o mesmo viajava ela o
traía, pedindo a Antônio para fingir que iria viajar, e esperar próxima a sua casa
que na mesma noite ele veria o outro homem entrar, e se hoje em dia, os
nordestinos lavam com sangue sua honra, imagine naquele tempo, e eis que pela
história contada no povoado, ele fez o que a mãe pediu, se escondeu em uma
moita e quando viu o homem entrar, largou tiro em cima do mesmo, mas eis que
era sua mãe, que vestiu-se de homem para aumentar a veracidade da mentira
criada.
Mas na verdade, nada disso era verdade, pois Antônio havia ficado órfão
aos seis anos de idade, começou então a peregrinação de Antônio para provar sua
inocência, e o boato, recheado de mentiras e maldades ia crescendo em meio ao
povoado, e Antônio foi preso e conduzido até Salvador e no caminho foi
espancado, e humilhado e ali Antônio sofre todo tipo de tormento neste via- crucis
sangrento.
Depois foi enviado ao Ceará, para ser investigado, para descobrirem sua
origem , e saber se era verdade a história da orfandade.
Ali em Quixeramobim , nas terras de sua gente,com tudo esclarecido,
maltratado e maltrapilho, só lhe restou o manto surrado e a imagem de Jesus
crucificado, em quem aumentara ainda mais sua fé depois de tantas
acusações sem fundamento, foi ali Antônio liberto e considerado inocente.
Voltou então a Bahia, a pé, e conquistando seguidores pelo caminho, seus
ouvintes eram os pobres rejeitados, humildes, famintos, renegados, desertores,e
toda a classe sofrida em geral, ouviam seus ensinamentos como um bálsamo a
alma, e também pediam auxílio para pequenas causas , e assim Antônio que era
quase um juiz para sua gente, aconselhava-os e assim surgiu o
apelido de um dos heróis brasileiros, mais injustamente interpretado.
Sua pregação era simples, queria que todos tivessem direitos plenos, nem
o rico tivesse demais, nem o pobre tivesse de menos, simplesmente buscava a
igualdade social.
03 de novembro de 1897 - É lançado em Salvador um manifesto de 41 estudantes baianos protestando contra o "cruel massacre ... exercido sobre prisioneiros indefesos e manietados em Canudos e até em Queimadas". Pouco depois, também Rui Barbosa declara um elogio aos estudantes que " protestam contra a vitória que degola os vencidos".
(Artigo publicado na revista lítera 2000)